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Eu e a Outra

Coisas maravilhosas, coisas assustadoras, viagens exóticas, dia-a-dia monótono, bichinhos tropicais e muito amor. Ponham-se confortáveis que vamos começar.

Eu e a Outra

Coisas maravilhosas, coisas assustadoras, viagens exóticas, dia-a-dia monótono, bichinhos tropicais e muito amor. Ponham-se confortáveis que vamos começar.

tá na altura das reviews não é?

30.12.17, Eu e a Outra

Não sou muito amante de rever o ano velho. Os desejos que peço à meia-noite de dia 31, são quase sempre os mesmos. E não sou mulher de fazer resoluções infindáveis de ano novo. Aliás, não sou mulher de resoluções futuristas.

 

Olhando para trás vejo que 2017 foi um ano bom e muito tranquilo. Estou muito grata por isso. 

 

Olhando para a frente, espero que 2018 seja melhor. Sei que não vai ser tão tranquilo, mas espero que seja pacífico. Vão-se fechar ciclos maravilhosos e espero que comecem outros melhores. 

 

A vida assim sabe bem, de mês a mês, de ano a ano, sempre a melhorar. Nem que seja a nossa capacidade de resolver problemas.

 

Cheers to an amazing year.

 

 

Obrigada.

22.12.17, Eu e a Outra

O Natal é uma altura muito bonita. 

 

As ruas iluminadas

O frio que nos faz aconchegar

A música na rua

O reencontro dos amigos e da família

(em jantares animados onde todas as diferenças são esquecidas )

Os chocolatinhos no escritório

O aroma a canela e castanhas assadas nas ruas

Os mercados de Natal 

 

E depois há um pequeno senão... As lojas apinhadas de gente à procura daquele presente que vai mudar tudo. Ou das últimas meias horrorosas só para "não dizer que não dei nada". 

 

Eu escuso-me ao senão. Opto por comprar prendas apenas que realmente gosto para quem realmente gosto e, como tal, faço-o com um pouco de antecedência. (Tenho sorte, eu sei, porque as minhas prendas obrigatórias não passam de 10. ) Mesmo assim, tenho na mesma que ir ao supermercado comprar as coisinhas frescas para a ceia de natal, tenho na mesma que usufruir dos correios ou transportadores para me entregarem as poucas prendas, vou na mesma aos jantares de natal deste grupo e daquele.

 

O Natal é uma altura muito bonita. Mas o Natal como o conhecemos é possível porque há um rol de pessoas que trabalham sem cessar durante esta época.

 

Aos trabalhadores das lojas, dos supermercados, dos restaurantes e dos cafés, aos correios e aos transportadores que durante esta época nem tempo têm de sentir as câimbras nas pernas, o meu muito obrigada.  

 

 

Amanhã vou poder ver.

17.12.17, Eu e a Outra

Amanhã vou poder ver.  E sabem porquê? Porque finalmente vão chegar  os meus óculos novos. No seguimento da felicidade (ou terror) que se vai apoderar da minha pessoa quando os experimentar (e consequentemente passar a ver as coisas no seu esplendor), decidi refletir um pouco sobre a visão.

 

Vários estudos apontam que as crianças de agora cada vez veem pior. Por exemplo, nos últimos 25 anos há o dobro da miopia na população jovem. Em Portugal, 2,5 milhões de pessoas sofrem de miopia. Um estudo feito entre 2002 e 2014 na Universidade do Minho revelou que a prevalência de miopia passou de 23% para 42%.

 

(Nem o gato se salva!)

 

 

Um aumento tão acentuado em tão pouco tempo sugere que fatores ambientais e de estilo de vida são os maiores responsáveis. Entre os fatores mais relevantes está o excesso de atividades que requerem ver ao perto (por exemplo, usar o computador e outros dispositivos eletrónicos), assim como a falta de atividade ao ar livre, que está também ligada com um défice de vitamina D. 

 

Por isso, cada vez é mais importante gerir o tempo passado em frente ao computador/televisão/tablet/telemóvel/consola (nunca mais acaba a lista) e rastrear os olhos com frequência. Principalmente porque as crianças não sabem, necessariamente, que veem mal e como tal não se queixam. 

 

Vamos prevenir porque usar óculos não tem graça nenhuma. E se acham que usar óculos é de relevância menor, o facto é que a miopia nas crianças duplica o risco de doenças oftalmológicas mais graves no futuro (incluindo, cataratas e glaucoma).

 

Pedro e António

15.12.17, Eu e a Outra

Não sou fã dos livros do António Lobo Antunes, acho-os demasiado descritivos e portanto torna-se difícil manter o entusiasmo. No entanto, as crónicas dele são quase sempre brilhantes, é como se ele nos deixasse entrar na sua cabeça e nos tivéssemos acesso a uma daquelas histórias, por vezes desnorteadas, que nos vêm à memória sem nos querermos.

 

Mas esta, publicada na semana passada, deixou-me com uma lágrima ao canto do olho por ser tão bruta e tão emotiva ao mesmo tempo; é ele mas podemos ser nós, quando a velhice nos bater à porta.

 

 

Hoje, catorze de novembro, é o dia dos anos do meu irmão Pedro, uma das pessoas que mais amei no mundo, o único de nós que saiu moreno, de cabelo preto, quase sempre calado. Nunca invejou ninguém: era livre. Nunca disse mal de ninguém: era livre. Nunca discutiu com ninguém: era livre. Fez sempre, desde criança, o que quis: era livre. Não lhe interessava o dinheiro, nem o sucesso, nem o aplauso dos outros. Não criticava fosse quem fosse. Não falava mal de ninguém. Misterioso, secreto, muito raramente mostrava o que sentia e, apesar do seu silêncio imperturbável, percebia-se que gostava de nós, sem palavras, sem pieguices, sem exibir emoções. Não se queixava de nada conforme, aparentemente, não se zangava com quase nada. A pouco e pouco os pais foram-se apercebendo que não valia a pena enervarem-se com ele. Não lhes respondia que não, concordava sempre.

– Sim, mãe, sim pai

mas apenas fazia o que lhe dava na gana, sem argumentar.

– Isto não é hotel, Pedro

– Sim, mãe

– O jantar é às oito e meia, Pedro

– Sim, mãe

telefonava a dizer que chegava mais tarde, a mãe

– Mas onde é que tu estás, Pedro?

– Do outro lado da linha, mãe

e como é que se lhe podia ralhar depois disto? Aliás era inútil ralhar--lhe porque ele não protestava. No fim da descompostura concordava sempre

– Sim, mãe

numa serenidade amável que impedia exaltações e castigos. Uma ocasião fiz-lhe uma coisa horrível: tinha pedido que fosse lá abaixo à mercearia comprar-me papel para escrever, eu com catorze anos e ele com onze, respondeu-me tranquilamente sentado no tapete, a brincar com não sei quê

– Não vou

calmíssimo

– Não vou

eu ameacei, com medo que, indo eu à mercearia, se me acabasse a inspiração

– Se não vais digo ao pai que tu fumas

o Pedro nem se deu à perda de tempo de falar, indiferente àquela maldade estúpida
(o que eu continuo a arrepender-me dessa sacanice)
ameacei-o de novo

– Se não vais digo ao pai que tu fumas

ele continuou a brincar, completamente nas tintas, tive de ir buscar o papel e a inspiração acabou-se de facto, à hora de jantar o pai sentou-se à cabeceira, eu, furioso com a morte de uma obra prima, interrompi o silêncio da sopa

– Pai o Pedro fuma

o silêncio, se possível, aumentou ainda mais, à medida que eu começava a torcer-me de remorsos

(fui um cabrão)

enquanto o pai para ele, na esperança que o Pedro negasse

– Tu fumas, Pedro?

novo silêncio enquanto eu com ganas de me enforcar no candeeiro do tecto(nunca na vida fui

tão cabrão)

no silêncio a voz do pai a insistir

– Tu fumas, Pedro?

esperando que o Pedro negasse, pedindo a Deus que o Pedro negasse, o pai que odiava a mentira, suplicando que o Pedro negasse, o Pedro na tranquilidade de sempre

– Fumo, pai

mais silêncio durante o qual o pai me olhou com ódio, o pai de novo, num suspiro

– Tu fumas, Pedro?

o Pedro na mesma paz inalterável

– Fumo, pai

um silêncio ainda mais comprido, que eu devia ter aproveitado para me suicidar, o pai num suspiro

– Poisa a colher no prato e espera-me lá em cima

o Pedro, na paz do Senhor, poisou a colher e subiu as escadas, o pai levantou-se vertendo um olhar suspenso na minha direção enquanto atirava o guardanapo para a toalha, voltou passados minutos a detestar-me, o Pedro não voltou, no fim do jantar mais horrível da minha vida levantámo--nos cada um para seu lado, a porta do quarto do Pedro estava fechada, encontrei-o na manhã seguinte antes de sairmos para o liceu, ele falou-me como se nada tivesse acontecido, o pai demorou dias sem olhar para mim, eu demorei dias sem conversar com ninguém, feito em merda pela minha filha da putice e o Pedro seguia igual. Não sei se me perdoou: sei que esqueceu, e continuou a amar-me muito, conforme eu o amava muito a ele. Que eu soubesse não odiava ninguém: era um miúdo livre. Quando morreu saí do quarto dele no hospital porque o meu irmão Nuno me trouxe abraçado a dizer-me

– Anda bebé, anda meu bebé

de maneira que além de filho dos meus pais nesse dia fui filho do Nuno. E gostei. Manos queridos. A maior manifestação de amor entre nós era fazermos chichi juntos, à noite, para a cascata. Agora mijo sozinho. Infelizmente.

 

Retirado integralmente da revista Visão.

Paris, que cinzento estás

09.12.17, Eu e a Outra

Esta semana tive uma flash trip a Paris para ir a uma conferência. Foi curtinha, mas deu para mata o bichinho das viagens e para me relembrar de como Paris é cinzento.

 

Entrentanto, já voltei para o frio e fui recebida com neve à beira-mar. 

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O Institut Pasteur

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A vista lateral do Petit Palais

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A vista frontal do Petit Palais

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Uma das ruas perpendiculares aos Champs Elisées

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O famoso arco do triunfo às 10h da manhã

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A estação de metro de Charles de Gaulle - Étoile cheia de design futurista

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A vista dos Invalides

 

O que não falta na minha mala num destino tropical

05.12.17, Eu e a Outra

Já vos falei aqui sobre o que não falta na minha mala no geral. No entanto, quando vamos para um sítio tropical há uns cuidados acrescidos que devemos ter. Aqui ficam as minhas dicas:

 

  • Boletim Internacional de Vacinas - antes de saírem, verificaram as vacinas necessárias? Febre amarela, cólera, tifóide, hepatite A, tétano?
  • Repelente  - super importante em todos os sítios quentes, mas se for uma zona endémica de mosquitos, então apostem num bom repelente. Eu levo sempre um super potente com pelo menos 50% de DEET. 
  • Gel desinfectante antibacteriano para as mãos - lugares quentes e húmidos são os habitats preferidos da maioria dos microorganismos patogénicos.
  • Chapéu ou turbante para a cabeça - o sol é forte, direto e quente.
  • Protetor solar - eu costumo levar um de 50 SPF para a cara e de 30 para o corpo.
  • Açúcar - levo sempre uns pacotes de açúcar na carteira para as emergências. O calor é propício para quebras de tensão.
  • Kit de emergência - tudo o que descrevi aqui mais um creme para as queimaduras solares e outro para picadas de insetos. Costumo também levar aloé vera para as queimaduras.
  • Casaco impermeável - é quente, mas também chove.
  • Botas ou sapatilhas impermeáveis - talvez queiram fazer uma caminhada pela floresta, ou pelo pântano, ou simplesmente pela rua inundada da chuva do fim da tarde. Para essas eventualidades, levem uma opção de calçado de todo-o-terreno. 

  

Se forem para um lugar mais remoto:

  • Sopa/noodles de pacote  - dois ou três para uma emergência, nunca se sabe. No Quénia deram-me um super jeito.
  • Kit de emergência mais composto - gaze, antiséptico, fita adesiva, termómetro, voltaren em gel e fitas musculares, um antibiótico para infecções urinárias para as meninas.
  • Powerbank(s) carregadas e lanterna - nunca se sabe quando terás acesso a electricidade. 
  • Filtro para água - esta é para locais bem escondidos onde encontrar água à venda possa ser problemático.

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