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Eu e a Outra

Coisas maravilhosas, coisas assustadoras, viagens exóticas, dia-a-dia monótono, bichinhos tropicais e muito amor. Ponham-se confortáveis que vamos começar.

Eu e a Outra

Coisas maravilhosas, coisas assustadoras, viagens exóticas, dia-a-dia monótono, bichinhos tropicais e muito amor. Ponham-se confortáveis que vamos começar.

Volto, como se fosse a primeira vez.

29.09.18, Eu e a Outra

Hoje é o fim de um ciclo. Há 8 anos e uns trocos mudei-me para Inglaterra com duas malas e muita vontade de ser cientista.

 

Regresso de Inglaterra com o coração cheio. Aprendi tanto nestes 8 anos que nem consigo descrever. Volto com uma licenciatura, um doutoramento, alguns artigos publicados, experiência de trabalho em três países. Volto com conhecimento pessoal do crème de la crème da minha área profissional. Volto com um marido maravilhoso e com muitas viagens no bucho. Volto com amigos daqueles mesmo a sério, mais rugas, menos dez quilos. 

 

Nesses 2931 dias conheci pessoas de todo o mundo, que me deram muito e que me deixam uma lágrima ao canto do olho por voltar.

 

Volto.

 

Volto, mas não volto para a casa antiga. Volto para uma casa nova, numa cidade nova. Aprendi a ser adulta num país e agora vou ser adulta no país onde fui criança. Por isso sinto-me como há oito anos atrás, como se fosse emigrar, só que não vou. Estou pronta para enfrentar este novo mundo, apesar de ser no meu país.

Feminismo, essa palavra cara que (às vezes) se vende ao desbarato

25.09.18, Eu e a Outra

O nosso amigo google diz que o feminismo é um movimento de luta pelos direitos das mulheres com o objetivo da igualdade de género. 

 

No seu verdadeiro significado, feminismo não é o contrário de machismo, não é um movimento de mulheres com pêlo na venta contra os homens, nem tão pouco a luta pelo matriarcado. Os feministas não querem que as mulheres sejam mais do que os homens, nem ganhem mais do que os homens, nem mandem mais do que os homens. O feminismo termina quando a igualdade de género for alcançada.

 

Vejo, por isso, com pena que a palavra se destroque ao desbarato por "dá ca aquela palha" e que seja utilizada em situações que visam sobrepor os direitos de algumas mulheres aos de todas as outras pessoas, não obstante o seu género. É com tristeza que vejo o feminismo associado a revolta, revolução, luta aberta contra os homens. E, acima de tudo, quando se usa o feminismo para criticar outras coisas vitais, como o humor (lembram-se desta fotografia?), ou para criar polémicas, ou para aparecer nas revistas. 

 

Apesar de nos darmos ao luxo de por vezes vendermos o feminismo ao desbarato em Portugal, porque, felizmente, já temos alguns direitos, relembro aqui algumas coisas:

 

As mulheres e os homens são biológica e psicologicamente diferentes.

Por isso, é normal que haja trabalhos que sejam mais apelativos (ou fáceis) para a maioria dos homens do que para a maioria das mulheres (e vice-versa). Assumir isto não é machismo, é realismo. No entanto, eu escrevi maioria e aqui, sim, entra o feminismo. O feminismo defende a igualdade de direitos. Portanto, se houver mulheres que desejem fazer algo que à partida é mais fácil para um homem, deverão ter toda a possibilidade de o fazer. Talvez tenham que se esforçar mais para superar determinadas barreiras físicas, mas não deverão sofrer preconceito. E o contrário também se aplica. 

 

Vejam dois exemplos:

A mulher é, em média, menos forte e musculada do que um homem. A maioria dos soldadores subaquáticos são homens porque a maioria das mulheres não teria capacidade ou até mesmo interesse em fazê-lo. Mas se eu treino diariamente e tenho capacidade e amor pela profissão espero ser avaliada de igual forma quando me candidato ao trabalho e não descartada automaticamente pela única e exclusiva razão de ser mulher, logo menos apta.

 

E o mesmo se aplica aos homens. Quantas educadores de infância conhecem? Muito poucos. Será porque não conseguem? Não. É porque a maioria dos homens não demonstra interesse nessa profissão e porque caso o demonstre poderá sofrer algum preconceito. O feminismo luta para que a última parte não aconteça. 

 

Igualdade é justiça.

O feminismo ganha a batalha quando houver justiça nos processos de recrutamento. Seja para homens, seja para mulher.

 

A igualdade ainda está longe.

No papel, as mulheres têm completa igualdade de direitos em Portugal. Na realidade, isso ainda não é assim. Claro que os direitos básicos, aqueles que a lei protege, estão lá, mas e o resto? Feminismo luta por igualdade no geral. Isso inclui tratamento, oportunidades, salários, e expectativas. Ainda há um preconceito, mesmo que seja inconsciente, contra as mulheres. Quantas vezes nos perguntam se planeamos ter filhos a curto prazo nas entrevistas de emprego? No trabalho, quantas vezes nos olham de lado quando dizemos que temos de sair a horas porque precisamos de ir buscar as crianças à escola?  Quantas mulheres com períodos menstruais pesados são admoestadas porque têm de ir à casa-de-banho com mais frequência?

 

E o contrário?

Como reage o cidadão normal quando vê uma família moderna em que o homem fica em casa a tomar conta das crianças enquanto a mulher providencia para a família? Mas se for a mulher está tudo bem. 

 

 

Ainda há muito a fazer, principalmente noutros lados do mundo, mas também por cá. Vejam os exemplos dados nesta crónica da jornalista Paula Cosme Pinto para o Expresso e na notícia de hoje do JN.

 

 

 

Fizemos rafting no rio Tara

13.09.18, Eu e a Outra

Três factos sobre o rio Tara:

 

    1. É uma fronteira natural que divide Montenegro e a Bósnia.

 

    2. É o maior reservatório de água potável do mundo.

 

    3. É o segundo maior desfiladeiro do mundo (logo a seguir ao Grand Canyon, nos Estados Unidos).

 

Fomos numa altura calma, os rápidos não eram muito fortes, mas mesmo assim foi muito bom.

A água estava a cerca de 10ºC, mergulhamos, nadamos, vimos quedas de água. E saímos de lá cansados, prontos para um almoço à maneira, até porque 17km a remar não é brincadeira. 

 

Vejam o vídeo :) 

 

 

O Chico

06.09.18, Eu e a Outra

Neste caminho de mudanças que estou a percorrer este mês, aproveito para fazer grandes seleções, não só de roupa, mas de tudo aquilo que tenho em casa. Os têxteis e calçado que já não quero voam diretos para a caridade e eu fico muito feliz por isso. Sou pessoa que destralha com frequência e sempre que o faço fico muito mais leve por dentro. 

 

Nestas filosofias do "dá o que não precisas" e do "dá o que ocupa muito espaço para ser levado para a nova casa" devia estar o meu Chico. O Chico é um urso de peluche gigante que o meu maridinho me deu há dois anos e pico. Nunca tinha tido um urso de peluche e nunca tinha tido um peluche grandão. O Chico serviu de almofada de corpo naqueles dias em que não há posição para dormir, de miminho bom quando estava sozinha em casa com saudades, de aquecedor para os pés quando já mais nada resolvia. 

 

Fiquei muito contente quando vi que a caridade que vinha buscar a roupa aceitava peluches e por isso o Chico ia fazer mais alguém feliz. Mas o Chico vive em cima da minha cama e quando foi hora de o pôr na caixa da caridade não consegui. Dei todos os peluches de infância que tinha na casa dos meus pais (menos um) e nem pestanejei. Mas o Chico, o meu peluche de adulta, ainda pode ir. Eu acho que o Chico ainda vai servir de almofada-miminho aos meus futuros filhos e por isso ainda não há caixa no mundo que chegue para o guardar.

Agora é que são as vistas mais lindas.

02.09.18, Eu e a Outra

À medida que nos afastamos de Kotor, vamos percebendo que é ainda mais bonito ao longe. Do cimo da montanha, ganhamos perspectiva do quão complexa é a tipografia do terreno. Parecem ilhas e ilhotas, mas na maior parte dos casos são baías, maravilhosamente esculpidas pela dança do mar, do vento e do tempo.

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Subindo a montanha em direção ao norte de Montenegro, encontramos uma barragem absolutamente maravilhosa. A fotografia foi tirada no regresso da viagem, ao fim da tarde, e por isso tem as cores da tempestade que se aproximava. Mas, de manhã, nunca tinha visto igual. A água era um gigante espelho azul turquesa, ao ponto de conseguirmos ver todo o detalhe da montanha e do céu só a olhar para a água. 

 

 

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Esta barragem foi construída no rio Tara, na fotografia abaixo. Este rio é o maior reservatório de água potável do mundo e situa-se no segundo maior canyon do mundo (logo a seguir ao Grand Canyon). Isto quer dizer que o rio tem um caudal inacreditável, é extremamente profundo, e as montanhas que o acompanham são extramamente altas. Outra coisa interessante é que há uma parte do rio Tara que funciona como fronteira natural - de um lado do rio é a Bósnia, do outro é Montenegro. Assim, sem forma de haver enganos.

 

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