Cinco Minutos de Ciência #3
No seguimento desta notícia sobre uma criança que está praticamente curada do vírus da SIDA (HIV), trago-vos mais 5 minutos de ciência.
Mas, antes de começar quero relembrar que:
A SIDA não afeta só os homossexuais e os toxicodependentes.
Voltando à noticia, a criança foi infetada à nascença (algo muito comum quando a mãe é seropositiva, infelizmente) e recebeu um grandioso cocktail de tratamento como parte de um estudo clínico. Este tratamento durou 40 semanas e, desde então, não voltou a receber qualquer medicamento. Contrariamente aos restantes participantes do estudo, a criança tem-se mantido sem sintomas e sem sinais de vírus no sangue, o que traz muitas esperanças e um grande MAS.
Mas o quê? Encontraram a cura!
Não necessariamente. Aliás, não provavelmente.
Há pelo menos mais dois relatos de pessoas que se curaram de uma infeção de HIV depois de um tratamento experimental e nenhum desses tratamentos se verificou eficaz para a maioria.
Porquê?
Porque, para já, o tratamento do HIV baseia-se no controlo da doença e não na remissão completa.
E porquê, perguntam vocês de novo?
Porque o HIV é um vírus com elevada frequência de mutações, cujo DNA se integra no nosso próprio genoma e, como tal, passa super despercebido, podendo sobreviver anos a fio sossegadinho, sem se manifestar. Por isso, para além de ser difícil detetar as células em que o vírus se integrou, erradicá-las traz graves consequências de imunossupressão. (O que é irónico porque imunossupressao é a base da SIDA e inevitavelmente das doenças oportunistas que levam à morbidade e morte dos pacientes).
Por isso apesar de serem excelentes notícias para este anjinho sul-africano, o trabalho tem de continuar a focar-se na PREVENÇÃO e no tratamento prolongado de forma a continuarmos a fazer progressos para um mundo livre de HIV.